Invadir o domínio

O Bloco de Esquerda continua a crescer no município de Santiago do Cacem e a prova está nos resultados obtidos nas autárquicas, onde uma série de pessoas de maior ou menor idade apostaram numa esquerda de confiança.

Contudo, e sendo realista ou simplesmente analisando números, estamos ainda longe daquilo que seria o objectivo. E é nesta linha de trabalho, de luta e de combate que começaram já alguns movimentos de proximidade, com um público-alvo especial: os jovens!

Os jovens do Bloco de Esquerda do concelho de Santiago do Cacem, tomaram a iniciativa de intervir activamente junto das massas juvenis, nas escolas secundárias do concelho, criando iniciativas de varias índoles imaginárias.

O objectivo é comum, criar uma espécie de “boom” juvenil, num concelho amorfo, onde a reivindicação seja a ordem do dia e que de pequenos grupos de pares, desabroche a planta revolucionaria que por sua vez se auto-polvorize e liberte o máximo de sementes reaccionárias.

Constata-se uma predisposição ideológica com a linha que traçamos, mas a sustentação activista está em declínio, o que de modo algum poderá continuar a acontecer, todos juntos iremos trabalhar arduamente no sentido de dizermos: estamos cá, juntem-se e todos vamos fazer a revolução! Parece utópico, é verdade, mas confio plenamente numa acção positiva, e que a grande tarefa da consciencialização das massas passe também e necessariamente por aqui…

Depois de uma gesticulação ate curta, a decisão foi tomada e partimos para o centro do maior aglomerado populacional do concelho, passando também pela sua “capital do capital”, basicamente uma sede de concelho á vista desarmada contagiada pelo consumismo em prol do status, digno de uma das melhores teorias capitalistas municipais.

E fora ai mesmo o ponto de partida…os caixotes do lixo ficavam com uma estrelinha ensopada de um liquido viscoso que a mantinha visível, os mais curiosos regateavam á esquina, mas seria na escola que teríamos a maior surpresa, umas dezenas de estudantes muito sociáveis e que nos deram alento para continuar a jornada.

Uma jornada, na cidade desconhecida, onde por todo o lado se ouvia uma voz politica, os cartazes invadiam as paisagens urbanas das linhas limítrofes do parque central e o seu interior, como se algo de clandestino se tratasse, um cheiro a estalinista pairava no ar, uma espécie de perseguição á distancia.

O toque de intervalo fazia-se ouvir, as batidas cardíacas aumentavam e surpreendentemente mais de uma centena de panfletos sucumbiram ao sol abrasador que nos iluminava á porta da secundária Padre António Macedo. Divergências??????? Uma …. Que falava em Jotas fantásticas, mas decerto com um sorriso encarnado a desvanecer.

Mais uma investida, e desta vez com som de rua a anunciar um concerto em sítio nenhum. A cidade fora acordada pelas palavras “irritantes” do locutor e peço desculpa se incomodamos alguém, mas assim demo-nos a conhecer, demo-nos á causa, demo-nos á população…

Quando a noite caiu, os sons do precariado ouviam-se debaixo de um candeeiro, de onde se destacava o ponto de referência, a luz brilhante do amplificador azul-turquesa. Mais parecia um concerto revolucionário em pleno estado novo!!!! O que significa algo mais do que aquilo que as nossas consciências avistam.(será mesmo?)

E o que nos reserva o futuro? Não sei. Mas tenho a certeza que ele será nosso, de todos nos, com a nossa luta, com a nossa vontade, com a nossa convicção…o futuro está nas nossas mãos!

Bruno Candeias